terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

374 - Teologia em diálogo com a Literatura – Origem e tarefa poética da teologia. Alex Villas Boas


Obra interpreta de modo dinâmico a relação entre a representação artístico-literária e o horizonte teológico
A PAULUS lança a obra Teologia em diálogo com a literatura – Origem e tarefa poética da teologia, novo título da coleção Teologia em saída, escrito pelo professor e doutor em Teologia Alex Villas Boas.
Dividida em cinco capítulos, a obra propõe o diálogo entre teologia e literatura como uma forma de ajudar o indivíduo contemporâneo a dar sentido à vida, se conhecer melhor e conhecer o mundo em que está inserido.
De acordo com o autor, a literatura oferece, desde sempre, matéria-prima para a reflexão teológica, desde os clássicos greco-latinos até a atualidade, passando por séculos de produção literária. Contudo, essa reflexão ainda não alcançou a maturidade de um método que apresente uma relação fluida entre a arte literária e o trabalho teológico.
Neste contexto, o objetivo principal da obra é tratar da questão do sentido da vida como introdução da questão de Deus, ou, de modo mais amplo, a questão religiosa. Segundo Alex, tal questão esbarra no mistério da vida, que abarca tanto o seu absurdo quanto o seu excesso de sentido, dimensões que escapam a uma explicação lógica, e se insere dentro da tarefa de pensar uma teologia da cultura.
Paulus
480 p.

Alex Villas Boas é professor de Teologia no Programa de Pós-Graduação em Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR); membro pesquisador do Centro de Estudos Literários, Fenômeno Religioso e Artes (CELTA) da Universidade Estadual de Campinas; vice-presidente da Associação Latino-Americana de Literatura e Teologia (ALALITE), membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Teologia e Ciências da Religião (SOTER); vice-líder do LERTE (Grupo de Pesquisa em Literatura, Religião e Teologia) da PUC-SP. Possui pós-doutorado em Teologia pela Universidade Gregoriana (Roma) e doutorado em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2012).




Com o prof. Alex no congresso da ANPTECRE 2015.
Grupo de Pesquisa Literatura e Teologia.

373 - Campanha da Fraternidade 2017: Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida.





Lema: “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2.15).

A Campanha da Fraternidade é marcada pelo empenho de todos em favor da solidariedade e fraternidade, sempre abordando temas atuais, que a cada ano propõe uma transformação social e comunitária, seja ela em desafios sociais, econômicos, culturais e até mesmo religiosos, onde toda a população envolvida na Campanha da Fraternidade é convidada a ver, julgar e agir.

A Campanha da Fraternidade sempre começa na quarta-feira de cinzas e acontece durante o ano todo. 

domingo, 26 de fevereiro de 2017

372 - Jürgen Moltmann: “Na Teologia da Esperança, usei as exegeses de Gerhard von Rad e Ernst Käsemann, que eu conhecia bem”.


Alguns opinaram criticamente que penso saber mais de Deus e do seu futuro do que humanamente se poderia saber. Recomendam-me guardar mais silêncio diante do mistério insondável, indizível e formular mais teologia negativa ao “dar pela falta de Deus” (J. B. Metz). Sou suficientemente místico para compreender o que eles estão querendo dizer. Todavia, justamente porque o mistério revelado do nome de Deus é insondável, nem se pode pretender saber o suficiente sobre ele. O Espírito investiga também as dimensões profundas da divindade.
Outros criticaram ironicamente o uso que faço da Bíblia como sendo um uso à la carte, embora ele não se diferencie em princípio do de Karl Barth ou do de Basílio Magno, a não ser quanto à limitação do meu conhecimento da Bíblia. Na Teologia da esperança (1964), ainda pude lançar mão das exegeses vétero e neotestamentárias de Gerhard von Rad e Ernst Kásemann, que eu conhecia bem. No entanto, em algum momento dos anos 1970, a discussão exegética e mais ainda a discussão hermenêutica tomaram dimensões impossíveis de serem abrangidas. Senti que elas haviam se tornado antes um empecilho para ouvir os textos bíblicos. Na Alemanha, a exegese histórica e a teológica tomaram rumos separados.


MOLTMANN, Jürgen. Experiência de reflexão teológica: caminhos e formas da teologia cristã. Vale do Rio dos Sinos, RS: Unisinos, 2004. p. 13.

371 - Jürgen Moltmann: “Mesmo sendo barthiano, igualmente resisti à tentação de encarar a Dogmática eclesial de Karl Barth como uma fortaleza”.




Há sistemas teológicos que não pretendem apenas estar livres de contradições internas, mas também ficar livres de interpelação externa. A teologia transforma-se, para eles, numa estratégia de auto-imunização. Tais sistemas são como fortalezas em que não se consegue penetrar, mas das quais tampouco se consegue escapar e que, por isso, são derrotadas à míngua pelo desinteresse público. Não alimento o desejo de viver numa fortaleza dessas, e, mesmo sendo barthiano, igualmente resisti à tentação de encarar a Dogmática eclesial de Karl Barth como uma fortaleza desse tipo. Ela não o é, mesmo que alguns barthianos deixem Karl Barth pensar por eles para se sentirem seguros, e outros o declarem como “neo-ortodoxo para não terem de lê-lo e se ocupar com ele. Minha imagem da teologia não é “Castelo forte é nosso Deus...”, mas o êxodo do povo de Deus no seu caminho para a terra prometida da liberdade, onde habita Deus. Para mim, a teologia não é uma dogmática intra-eclesial ou pós-moderna apenas para a própria comunidade de fé. Ela tampouco é, para mim, a ciência cultural da religião civil da sociedade burguesa. A teologia surge da paixão pelo Reino de Deus e sua justiça e está paixão surge da comunhão com Cristo.


MOLTMANN, Jürgen. Experiência de reflexão teológica: caminhos e formas da teologia cristã. Vale do Rio dos Sinos, RS: Unisinos, 2004. p. 12.

David Rubens

370 - Jürgen Moltmann: “Para mim, o acesso teológico à verdade do Deus triúno é dialógico, comunitário e cooperativo”.


Veja o pensamento de Moltmann sobre a questão do método teológico.

A teologia foi e é para mim uma aventura das ideias. Ela é um caminho aberto, convidativo. Ela fascinou e até hoje fascina a minha curiosidade intelectual. Por essa razão, os meus métodos teológicos surgiram pelo conhecimento dos objetos teológicos. O caminho só foi surgindo ao caminhar. E minhas tentativas de caminhar naturalmente são determinadas no nível biográfico-pessoal, contextual-político e pelo kairós histórico em que estou vivendo. Busquei a palavra certa para o momento certo. Não escrevi manuais teológicos.
Meus artigos de dicionário em diversas enciclopédias teológicas raramente resultaram satisfatórios. Não me caía bem colecionar exatidões teológicas porque estava por demais ocupado com a percepção de novas perspectivas e de aspectos inusitados. Não almejei ser discípulo dos grandes mestres teológicos da geração precedente. Tampouco almejo fundar uma nova escola teológica. Tudo o que quis e quero é estimular outros a descobrirem a teologia por si mesmos, a formularem seus próprios pensamentos teológicos e a se porém, eles próprios, a caminho.
A teologia permanece, necessariamente, fragmentária e inacabada, porque ela é o pensar sobre Deus daqueles que se encontram a caminho e que são, portanto, itinerantes e ainda não chegaram em casa. Por essa razão, até mesmo as catedrais e os domos medievais tinham de permanecer inconclusos, para poderem apontar para além de si mesmos.
Para mim, a teologia ocorre onde pessoas chegam ao conhecimento de Deus e “percebem” a presença de Deus com todos os seus sentidos na práxis de sua vida, de sua felicidade e de seus sofrimentos.
A teologia cristã é uma tarefa comunitária do “ministério teológico geral de todos os crentes”. Por essa razão, procurei valer-me do estilo comunicativo da proposição. Meu interesse não era a defesa de dogmas impessoais ou verdades desprovidas de sujeito. Mas tampouco pretendia externar apenas a minha opinião particular. Desejo, porém, que minhas proposições sejam levadas a sério na comunhão dos teólogos e das teólogas, não apenas topando com aprovação ou rejeição, mas estimulando o diálogo continuado da teologia.
Para mim, o acesso teológico à verdade do Deus triúno é dialógico, comunitário e cooperativo.


MOLTMANN, Jürgen. Experiência de reflexão teológica: caminhos e formas da teologia cristã. Vale do Rio dos Sinos, RS: Unisinos, 2004. p. 11.

David Rubens

Tradução: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. parte do artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.