domingo, 27 de julho de 2014

145 - Geza Vermes


Geza Vermes (1924-2013) nasceu na Hungria numa família judaica, mas foi criado como cristão, retornando depois a suas raízes. Formou-se nas universidades de Louvain e Budapeste. Professor emérito da Universidade de Oxford, onde leciona estudos judaicos, é considerado um dos maiores especialistas acadêmicos sobre Manuscritos do Mar Morto e história do cristianismo. Membro da British Academy e da European Academy of Arts, Sciences and Humanities, publicou, entre outras obras, As várias faces de Jesus, O autêntico evangelho de Jesus e vários outros títulos.

O autêntico Evangelho de Jesus
Em O AUTÊNTICO EVANGELHO DE JESUS, Geza Vermes esclarece, sem sombra de dúvida, que Jesus, um gênio religioso, viveu e pregou na Palestina há cerca de dois mil anos. Os ecos desses sermões reverberam até os dias de hoje. Sua influência, incalculável. Mas como distinguir as doutrinas moldadas pelas necessidades de uma florescente Igreja Católica e as visões e desejos originais de Jesus? Como podemos discerni-los entre as adições, erros de interpretações e confusões de dois milênios de tradição para resgatar o verdadeiro evangelho de Jesus?

As Várias Faces de Jesus
Geza Vermes reorienta o conhecimento comum sobre Jesus com essa pesquisa provocante. Sua obra propõe uma nova abordagem, conferindo o mesmo peso ao Novo Testamento e aos escritos judaicos não-bíblicos. O objetivo é explorar os diferentes perfis do personagem que definiu dois milênios da fé cristã para analisar como e por que aquele palestino carismático foi elevado à condição divina de Cristo. O autor nos remete aos primórdios do cristianismo, permitindo a compreensão das condições históricas ocultas nos textos dos evangelhos mais antigos ao privilegiar o evangelho mais recente, o de João.
Assim, Geza Vermes apresenta quatro perfis de Jesus presentes nos vários níveis de interpretação do Novo Testamento. O Evangelho de João apresenta “uma teologia altamente evoluída de um escritor cristão que viveu três gerações depois de Jesus e completou o seu Evangelho nos primeiros anos do século II d.C.”. Nas Cartas de São Paulo, Jesus é representado como o salvador dos judeus e dos gentios. Nos Atos dos Apóstolos, surge como um profeta carismático enviado por Deus e corporificado como Senhor e Messias. No quarto nível, o autor examina as contradições entre o Evangelho de João e os chamados Evangelhos Sinóticos — de Mateus, Marcos e Lucas. Nestes, a figura de Cristo é destacada nos episódios que o focalizam como um curandeiro da Galileia, exorcista e pregador do iminente advento do Reino de Deus.
Segundo o autor, a quinta “face” de Jesus oculta-se sob os estratos iniciais da tradição evangélica. Seria revelada depois que as cenas das escrituras fossem imersas no mundo e na realidade do século I d.C.: por meio do judaísmo palestino revelado pelos Manuscritos do Mar Morto; das narrações do historiador judeu do século I, Flavius Josephus, e da literatura rabínica e pós-bíblica dos judeus.
O autor de As várias faces de Jesus considera Cristo, a Igreja primitiva e o Novo Testamento como parte de uma interpretação do judaísmo. Ao despir as interpretações teológicas do contexto dos evangelhos, ele procura revelar a verdadeira identidade, a figura humana de Jesus, e esclarece como os seus ensinamentos foram passados da versão original à nossa civilização.
Natividade
Por mais de 2000 anos, a história do nascimento de Jesus tem sido contada e recontada. Em NATIVIDADE, Geza Vermes, o mais respeitado historiador bíblico do mundo, examina o que de fato aconteceu quando, de acordo com a liturgia da Igreja, Jesus nasceu no dia 25 de dezembro. Conduzindo-nos pelos principais acontecimentos que cercaram a Natividade – a estrela profética, a virgem e o espírito santo, a viagem de Maria e José a Belém, o nascimento milagroso em um estábulo, a chegada dos magos e o decreto assassino do rei Herodes – Vermes coloca a narrativa em seu real contexto histórico. Ele esquadrinha todas as provas - examinando os Evangelhos da Infância do Novo Testamento, de Mateus e Lucas, assim como documentos judaicos paralelos e fontes da literatura e da história clássicas - para compreender o que é verdade e o que foi criado ao longo dos séculos.

Quem é Quem na Época de Jesus
Geza Vermes apresenta a biografia de personagens bíblicos. Por meio desses retratos, o autor recria um mundo povoado por grupos antagônicos - gregos, judeus e romanos - e explica o surgimento de um novo judaísmo e, por fim, do próprio cristianismo.

Russurreição: História e Mito 
A história da crucificação e subsequente ressurreição de Cristo é a base da fé sobre a qual o cristianismo foi fundado. Mas em que evidências se sustenta o fenômeno mais miraculoso da história cristã? Em Ressurreição, o renomado especialista nos estudo das origens do Cristianismo, Geza Vermes, investiga a fundo esta questão. 
“O propósito deste volume é esclarecer o verdadeiro significado das escrituras cristãs transmitido pelos evangelistas, por Paulo e por outros autores, a fim de que possa ser iluminado pelo que sabemos através do Velho Testamento, de toda a literatura judaica e greco-romana pertinente e de fontes arqueológicas. Seu objetivo é a construção de hipóteses sustentáveis, mas em última análise caberá aos leitores chegar às suas próprias conclusões”, afirma o autor. 
Com base numa minuciosa análise dos relatos das primeiras fontes cristãs sobre os desdobramentos da crucificação e do sepultamento de Jesus, o autor apresenta uma visão renovada sobre a história do Cristo ressuscitado, assim como significativas reflexões sobre os aspectos da crença na vida após a morte, desde o mundo judaico até os dias de hoje.

A Paixão
Com um beijo ele foi traído. E um dos mais retratados, comentados e perpetuados suplícios da história da humanidade teve início. O cruel espetáculo da Paixão de Cristo emociona fiéis do mundo inteiro e está gravado de forma indelével no imaginário judaico-cristão. A imagem da cruz e a de seu sofrimento se tornaram um dos mais reconhecidos símbolos já inventados. A partir de dois traços, a trajetória da civilização ocidental se transformou de forma dramática e motivou o surgimento de uma religião que ainda hoje subsiste, influenciando comportamentos.

Em A paixão, Geza Vermes — um dos maiores especialistas acadêmicos sobre Manuscritos do Mar Morto e história do cristianismo — analisa os últimos momentos da vida de Cristo. A partir das contradições dos quatro evangelhos canônicos — Mateus, Marcos, Lucas e João —, o autor refaz a prisão, o julgamento e a execução deste homem santo local cujo impacto póstumo só pode ser comparado ao de raríssimas figuras históricas. Mostra como todas essas etapas são vistas de forma diferente em cada um dos livros.
A presença da Virgem Maria ao pé da cruz aparece somente no relato de João. Em Lucas, encontram-se as famosas palavras de perdão de Jesus a seus algozes —“Pai, perdoa-lhes: não sabem o que fazem” — e principal filosofia dos cristãos. Em Mateus é desenvolvida a história da traição e do suicídio de Judas. Adicionalmente, Geza Vermes aponta equívocos de tradução dos textos, responsáveis por uma série de mal-entendidos perpetuados ao longo da história e lança luz sobre esse tema delicado, permitindo a construção de uma imagem de Jesus muito mais próxima da realidade.
Além de investigações pontuais, A paixão aborda um contexto mais amplo e polêmico, ao sugerir que os relatos dos evangelistas foram distorcidos de modo a culpar os judeus, e não os romanos, pela morte de Jesus, o que teria servido de ponto de partida para mais de 2 mil anos de anti-semitismo por parte dos cristãos.
Os Manuscritos do Mar Morto
Os Manuscritos do Mar Morto, única obra que traz a tradução integral de todos os textos liberados ao público até o momento, faculta o acesso confiável e direto às traduções desses fascinantes documentos. Como o processo de entrega dos documentos aos eruditos que os estudam tem sido muito lento, Geza Vermes - desde a publicação da primeira versão, em 1962 - tem acrescentado a cada uma delas mais textos traduzidos. Neste livro foram acrescentados vinte e seis novos textos, uma introdução discutindo o desenrolar da questão Qumran, com todos os seus problemas.

A Religião de Jesus, O Judeu
Leitura pessoal dos Evangelhos Sinópticos de Marcos, Mateus e Lucas. Não é uma visão geral de teorias eruditas nem se engaja em discussões sistemáticas por ser dirigido primeiramente a leitores cujo campo de estudo se encontra fora da Bíblia.
Jesus e o Mundo do Judaísmo
Os estudos contidos neste livro levam mais longa investigação realizada nos livros de Geza Vermes, e lança luz sobre muitas questões importantes e controversas do período. Os tópicos incluem a importância dos Manuscritos do Mar Morto para os estudos judaicos e os estudos do Novo Testamento; a necessidade dos estudos judaicos para a interpretação do NT; e a compreensão que Jesus tinha de si mesmo. Este volume contém em particular as conferências Riddell Memorial, “O Evangelho de Jesus, o Judeu”, que representam uma continuação de Jesus, o judeu.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

144 - Richard Horsley


Jesus e a revolução social

A proposta central de Richard Horsley é a seguinte: Jesus foi um profeta que dedicou sua vida a pregar uma revolução social na Palestina. Na tradição de Moisés, que libertou os hebreus da escravidão egípcia imposta pelo Faraó, e de Elias, que lutou por uma renovação da aliança com Deus na época do opressor rei Acab e da rainha Jezabel, Jesus se dirigiu aos pobres camponeses de seu tempo, subjugados pelo cruel domínio do Império Romano e de seus associados locais da elite herodiana e judaica, conclamando-os para uma revolução que só teria sucesso se partisse da conscientização da situação de opressão em que viviam. Ou, em outras palavras: Jesus e o movimento proto-cristão - como podem ser identificados na Q (=Quelle) e no evangelho de Marcos -, em oposição ao Império Romano e a seus clientes do governo local, pregaram uma renovação comunitária da família e dos povoados tradicionais nos moldes da antiga aliança de Israel com Iahweh, como aparece na pregação profética. 

“Conquanto a história de Marcos e os discursos de Q apresentem ênfases um tanto diferentes, suas respectivas representações de Jesus têm uma proposta notavelmente semelhante. Marcos concentra-se mais nas curas e exorcismos como partes de um programa mais amplo de renovação do povo de Israel vividamente reminiscente de Moisés e de Elias, o profeta fundador e o profeta renovador de Israel, respectivamente. Enquanto Marcos inclui uma forte afirmação de suficiência econômica, paralelamente a uma advertência contra a exploração econômica e a dominação política, a suficiência econômica para um povo pobre e faminto é mais proeminente, dominante mesmo, nos discursos de Q. Por outro lado, Marcos inclui mais condenações dos governantes de Jerusalém, dos seus representantes e dos seus patronos romanos por sua opressão econômico-religiosa e pela repressão político-religiosa do povo. O tema do reino de Deus apresentado no princípio da história de Marcos parece mais integral nos discursos de Q. Com essas ênfases um tanto diferentes, porém, o programa todo do ensinamento profético e da prática de Jesus é claramente a renovação de Israel, tanto em Marcos como em Q” (Jesus e o Império. O reino de Deus e a nova desordem mundial.p. 83).

Neste contexto se inserem os milagres de Jesus: “Os exorcismos de Jesus, juntamente com suas curas e a distribuição de comida ao povo, eram componentes essenciais de sua função, não como um mago comum (...), mas, mais particularmente, como um profeta como Moisés e Elias estabelecendo a renovação do povo de Israel” (p. 106). 

Livros de Richard Horsley


Arqueologia, história e sociedade na Galileia

O contexto social de Jesus e dos RabisOs estudos sobre Jesus, os estudos rabínicos e a arqueologia podem hoje estimularem-se mutuamente enquanto buscam uma compreensão mais plena da Galileia como contexto histórico-social, tanto de Jesus como dos Rabis. Este livro vale-se dos desenvolvimento nos três campos interrelacionados, esclarecendo algumas implicações para diversos aspectos importantes da vida na Galileia. A partir de significativas descobertas, possibilita aos leitores uma revisão das generalizações e pressuposições que anteriormente eram consideradas como padrão.Os estudos sobre Jesus, os estudos rabínicos e a arqueologia podem hoje estimularem-se mutuamente enquanto buscam uma compreensão mais plena da Galileia como contexto histórico-social, tanto de Jesus como dos Rabis. Este livro vale-se dos desenvolvimento nos três campos interrelacionados, esclarecendo algumas implicações para diversos aspectos importantes da vida na Galileia. A partir de significativas descobertas, possibilita aos leitores uma revisão das generalizações e pressuposições que anteriormente eram consideradas como padrão.

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Bandidos, profetas e Messias

Movimentos populares no tempo de JesusEstuda os movimentos populares no tempo de Jesus (banditismo social, pretendentes reais, movimentos messiânicos populares, profetas, sicários, zelotas etc.), lançando novas luzes sobre a realidade social da Palestina do primeiro século.

Jesus e a espiral da violência

Resistência judaica popular na Palestina Romana

Jesus e o império

O reino de Deus e a nova desordem mundial

Paulo e o império

Religião e poder na sociedade imperial romana

A Mensagem e o Reino

Richard A. Horsley é professor de Línguas Clássicas e Religião na Universidade de Massachusetts, Boston, USA. É autor e co-autor de diversos livros, destacando-se entre eles: Jesus and Empire: The Kingdom of God and the New World Disorder (2003), The Message and the Kingdom: How Jesus and Paul Ignited a Revolution and Transformed the Ancient World (2002), Hearing the Whole Story: The Politics of Plot in Mark's Gospel (2001), Whoever Hears You Hears Me: Prophets, Performance, and Tradition in Q (1999), Paul and Empire: Religion and Power in Roman Imperial Society (1997), Archaeology, History, and Society in Galilee: The Social Context of Jesus and the Rabbis (1996), Galilee: History, Politics, People (1995), Jesus and the Spiral of Violence: Popular Jewish Resistance in Roman Palestine (1993), Sociology and the Jesus Movement (1989), Bandits, Prophets, and Messiahs: Popular Movements in the Time of Jesus (1985). 

sábado, 19 de julho de 2014

143 - Rubem Alves morre aos 80 anos


Rubem Alves estava internado desde 10 de julho e teve falência múltipla de órgãos. Mineiro, educador era um dos intelectuais mais respeitados do Brasil.

O escritor Rubem Alves, de 80 anos, morreu no fim da manhã deste sábado (19) em decorrência de falência múltipla de órgãos, segundo o Centro Médico de Campinas (SP). O educador deu entrada no hospital com quadro de insuficiência respiratória devido a uma pneumonia e estava internado desde o dia 10 de julho na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O óbito ocorreu às 11h50.

Intelectual respeitado
Alves nasceu no dia 15 de setembro de 1933 em Boa Esperança, no Sul de Minas Gerais, e morava em Campinas há décadas. Um dos intelectuais mais respeitados do Brasil, Alves publicou diversos textos em jornais e revistas do país e atuou como cronista, pedagogo, poeta, filósofo, contador de histórias, ensaísta, teólogo, acadêmico, autor de livros infantis e até psicanalista, de acordo com sua página oficial na internet.

Rubem Alves
Educado em família protestante, estudou teologia no seminário Presbiteriano do Sul. Tornou-se pastor de uma comunidade presbiteriana no interior de Minas e casou com Lídia Nopper, com quem teve três filhos, Sérgio, Marcos e Raquel. O autor afirmava que descobriu que podia escrever para crianças ao inventar histórias para a filha.
Em 1963, viajou para Nova York para fazer uma pós-graduação. Retornou à paróquia em Lavras (MG), no período da ditadura militar, e foi listado entre pastores procurados pelos militares. Saiu com a família do Brasil e foi estudar em Princeton, também nos Estados Unidos, onde escreveu a tese de doutorado, que foi publicada em 1969 por uma editora católica com o título de 'A Theology of Human Hope' (Teologia da Esperança Humana).
Retornou ao Brasil em 1968 e demitiu-se da Igreja Presbiteriana. No ano seguinte foi indicado para uma vaga de professor de filosofia na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Rio Claro (Fafi), atual Unesp, onde permaneceu até 1974.
No mesmo ano ingressou no Instituto de Filosofia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde fez a maior parte da sua carreira acadêmica até se aposentar no início da década de 1990. Em 1984 iniciou o curso para formação em psicanálise e teve uma clínica até 2004.

Escritor
O escritor dizia que com a literatura e a poesia começou a realizar seu sonho fracassado de ser músico. Citava como referências Nietzsche, T. S. Eliot, Kierkegaard, Camus, Lutero, Agostinho, Angelus Silésius, Guimarães Rosa, Saramago, Tao Te Ching, o livro de Eclesiastes, Bachelard, Octávio Paz, Borges, Barthes, Michael Ende, Fernando Pessoa, Adélia Prado e Manoel de Barros.

Entre as obras infantis dele estão "A volta do pássaro encantado" e "A pipa e a flor". Alves escreveu também sobre teologia, filosofia, educação, além de crônicas. É autor de "Tempus fugit", "O quarto do mistério", "A alegria de ensinar", "Por uma educação romântica" e "Filosofia da ciência", e diversos outros. Em 2009 ficou em 2º lugar do Prêmio Jabuti na categoria Contos e Crônicas, com o livro "Ostra Feliz Não Faz Pérola".

Educador
Sobre a paixão pela educação, escreveu: "Educar não é ensinar matemática, física, química, geografia, português. Essas coisas podem ser aprendidas nos livros e nos computadores. Dispensam a presença do educador. Educar é outra coisa. [...] A primeira tarefa da educação é ensinar a ver. [...] Quem vê bem nunca fica entediado com a vida. O educador aponta e sorri – e contempla os olhos do discípulo. Quando seus olhos sorriem, ele se sente feliz. Estão vendo a mesma coisa. Quando digo que minha paixão é a educação estou dizendo que desejo ter a alegria de ver os olhos dos meus discípulos, especialmente os olhos das crianças".

Rubem Alves mantinha instituto em Campinas
Em entrevista à Globo News em agosto de 2012, Rubem Alves defendeu que a educação no Brasil deveria passar por mudanças. “Na educação a coisa mais deletéria na relação do professor com o aluno é dar a resposta. Ele tem que provocar a curiosidade e a pesquisa”, disse.
A prova do vestibular também foi alvo de críticas à época. “Se os reitores das universidades fizessem o vestibular, seriam reprovados, assim como os professores de cursinho. Então, por que os adolescentes têm que passar?”, indagou.

Morte e religião
Em um texto biográfico no site oficial, o educador escreveu trechos sobre a morte. "Eu achava que religião não era para garantir o céu, depois da morte, mas para tornar esse mundo melhor, enquanto estamos vivos."

Nota na íntegra do hospital
O intensivista e cardiologista do Hospital Centro Médico de Campinas, Roberto Munimis, acaba de informar a rápida evolução no quadro do paciente Rubem Alves, que veio a óbito por falência múltipla orgânica, às 11h50 do dia 19 de julho de 2014. Rubem Alves deu entrada no Centro Médico de Campinas no dia 10 de julho de 2014 e desde então está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por apresentar insuficiência respiratória devido a uma pneumonia.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

142 - No Caminho de Emaús


Dois cristãos viajam de Jerusalém para Emaús no Domingo de Páscoa. Um é homem, citado pelo nome e, considerando os costumes da sociedade patriarcal mediterrânea, o outro, cujo nome não consta na narrativa, é presumivelmente mulher. Jesus junta-se a eles na viajem. Mas a estrada para Emaús não é a estrada para Damasco. Esta é uma aparição sem luz ofuscante, nem voz celestial. É uma visão sem demonstração lenta nem reconhecimento imediato. Mesmo quando Jesus explica as Escrituras sobre o sofrimento e a glorificação do Cristo, os viajantes não reconhecem quem ele é. Mas depois convidam o estranho para ficar e comer com eles. Ele não os convida. Eles o convidam.



terça-feira, 15 de julho de 2014

141 - Os autores dos Evangelhos conheceram Jesus?


A maior parte dos historiadores concorda que nenhum dos evangelistas foi testemunha ocular da vida de Jesus. Os Evangelhos, na verdade, faziam parte de uma grande variedade de textos que circulavam nos primeiros séculos depois de Cristo e representavam o que algumas das comunidades cristãs pensavam (os Evangelhos que foram deixados de lado pela tradição católica se tornaram conhecidos como apócrifos).

Os textos têm autoria anônima, e os pesquisadores possuem poucas informações sobre sua exata origem geográfica. O que se sabe é que eles foram criados a partir de relatos, memórias, tradições e textos mais antigos, que circulavam entre as primeiras comunidades cristãs. Eles teriam sido escritos entre o ano 60 e o 120, e só no século II é que seus autores foram atribuídos — o primeiro Evangelho a Marcos, e o último a João.

Com o passar dos séculos — e com a ortodoxia cristã tendo relações cada vez mais próximas ao Império Romano — surgiu a preocupação de delimitar exatamente quais os textos que guardavam a memória verdadeira sobre Jesus. Por volta do século IV, depois de sérias disputas teológicas, a Igreja finalmente escolheu quais haviam sido inspirados por Deus — criando o cânone do Novo Testamento. “Decidiu-se assim quais textos seria destruídos e quais preservados, e quais tradições cristãs seriam perseguidas e quais aceitas pela Igreja”, diz André Chevitarese, professor do Instituto de História da UFRJ e autor dos livros “Jesus Histórico - Uma Brevíssima Introdução” e “Cristianismos: Questões e Debates Metodológicos” (Editora Kline).

Dentre os textos do Novo Testamento, aqueles que os historiadores atribuem, de fato, a alguém que conviveu com Jesus são as encíclicas escritas por Paulo — pelo menos sete delas teriam sido ditadas pelo apóstolo. “Na forma como o Novo Testamento está organizado, os quatro Evangelhos aparecem antes dos textos de Paulo. No entanto, as encíclicas foram escritas primeiro. O pesquisador tem de começar a ler por elas — assim fica mais fácil entender a evolução das primeiras comunidades cristãs.”

140 - Abordagens sobre Jesus


• O Jesus real: é o homem Jesus de Nazaré, o Jesus da história, que viveu na Galiléia na primeira metade do I séc. Pelo que podemos reconstruir, era filho de José o carpinteiro e de Maria, e tinha provavelmente outros irmãos chamados Tiago, José, Simão e Judas (Mt 13,55). Deve ter sido discípulo de João Batista e, depois da morte dele, atuou três anos como rabi, sendo condenado e crucificado, talvez na Páscoa do ano 30. Se de um lado conhecemos bem os dados relativos ao final de sua vida, sua infância e juventude são envolvidas no mistério, e as narrativas de que dispomos não passam de relatos míticos. Não temos fontes diretas sobre o Jesus real, mas só memórias literárias, sujeitas às limitações próprias destes documentos.

 • O Jesus histórico: é a reconstrução da figura de Jesus a partir dos dados a nossa disposição, vindo de várias fontes: a literatura bíblica e extra-bíblica do I séc.; a arqueologia; a sociologia; a historiografia, etc. Este trabalho, servindo-se de vários métodos científicos, busca reconstruir e entender o contexto histórico, sociológico e religioso do tempo de Jesus, tentando entender e imaginar o impacto de sua pessoa e mensagem dentro deste mesmo contexto. Parte-se do pressuposto que Jesus deve ser lido dentro do contexto galiláico de sua época. Não sabemos se o Jesus histórico corresponda ao Jesus real: com certeza se aproxima bastante a ele.

 • O Jesus teológico: é o Jesus das afirmações dogmáticas da Igreja, sobretudo dos primeiros quatro concílios que definiram os elementos fundamentais da cristologia, diante da fragmentação e do pluralismo das definições e dos movimentos religiosos: Nicéia (325), Constantinopla (381), Éfeso (431), Calcedônia (451). É o Jesus da fé, diferente do Jesus real, mesmo que tenha elementos do Jesus histórico, e que será a base da unidade da fé das Igrejas que a ele se referem.

• O Jesus da fé: é o Jesus crido, na resposta de fé do fiel que encontra o Jesus da história. É o Jesus considerado o Filho de Deus, o Senhor da história, o Salvador, o Messias, etc. Neste nível, o Jesus real, como ele era, o contexto em que vivia, o que realmente disse e fez, tem menor importância. Vale o Jesus imaginado, representado, sonhado, na maioria das vezes relacionado com os próprios desejos e necessidades. É um Jesus que já se transformou num verdadeiro símbolo, mas que tem o poder de orientar a vida e se tornar a referência ética fundamental de grupos e pessoas.

sábado, 12 de julho de 2014

139 - CURSO. Cristianismos: Questões e debates metodológicos


138 - 27º Congresso Internacional Soter


137 - VI Congresso ABIB: Tema: Bíblia e Cultura


136 - Jesus saiu do Egito, o novo Moisés

Mateus faz Jesus fugir do Egito para escapar do massacre de Herodes, não porque isso aconteceu, mas porque cumpre as palavras do profeta Oseias: “Do Egito chamei meu filho.” (Oseias 11.1) A narrativa não tem a intenção de revelar qualquer fato a respeito de Jesus; ela pretende revelar esta verdade: que Jesus é o novo Moisés, que sobreviveu ao massacre dos filhos dos israelitas pelo faraó e saiu do Egito com uma nova lei de Deus (Êxodo 1.22).

135 - Jesus e o nascimento em Belém

Lucas coloca o nascimento de Jesus em Belém não porque ele ali ocorreu, mas por causa das palavras do profeta Miqueias: “E tu, Belém... de ti sairá para mim um governante em Israel.” (Miqueias 5.2) Lucas quer dizer que Jesus é o novo Davi, o rei dos judeus, colocado no trono de Deus para reinar sobre a Terra Prometida.

As narrativas da infância nos evangelhos não são relatos históricos, nem foram feitas para serem lidas como tal. São afirmações teológicas do status de Jesus como o ungido de Deus. O descendente do rei Davi. O messias prometido.  

134 - Rei dos Judeus

A placa que os romanos colocaram acima da cabeça de Jesus enquanto ele se contorcia de dor – “Rei dos Judeus” – era chamada de titulus, e, apesar da percepção comum, não era para ser sarcástica. Todo criminoso que era pendurado em uma cruz recebia uma placa declarando o crime específico pelo qual estava sendo executado. O crime de Jesus, aos olhos de Roma, foi o de buscar o poder político de um rei (ou seja, traição), o mesmo crime pelo qual foram mortos quase todos os outros aspirantes messiânicos da época.

133 - Os evangelhos, testemunhos de fé

     
Os evangelhos não são, nem foram, jamais pensados para ser uma documentação histórica da vida de Jesus. Eles não são relatos de testemunhas oculares das palavras e atos de Jesus. Eles são testemunhos de fé compostos por comunidades de fé e escritos muitos anos depois dos acontecimentos que descrevem. Simplificando, os evangelhos nos dizem sobre, o Cristo, e não sobre Jesus, o homem.

132 - Paulo um guia pobre para se descobrir o Jesus Histórico

O primeiro testemunho escrito que temos sobre Jesus de Nazaré vem das epístolas de Paulo, um dos primeiro seguidores de Jesus, que morreu por volta de 66 d.C. (a primeira epístola de Paulo, 1 Tessalônicos, pode ser datada por volta de 66 d.C. cerca de duas décadas depois da morte de Jesus). O problema com Paulo, no entanto, é que ele exibe uma extraordinária falta de interesse pelo Jesus Histórico. Apenas três cenas da vida de Jesus são mencionadas em suas epístolas: a Última Ceia (1Coríntios 11.23-26), a crucificação (1Coríntios 2.2), e, mais importante para Paulo, a ressurreição, sem a qual, segundo ele, “a nossa pregação é vazia e sua fé em vão” (1Coríntios 15.14). Paulo pode ser uma excelente fonte para os interessados na formação inicial do cristianismo, mas é um guia pobre para se descobrir o Jesus Histórico.

131 - O movimento de Jesus

É difícil enquadrar Jesus de Nazaré em qualquer um dos movimentos político-religiosos conhecidos de seu tempo. Ele era um homem de contradições profundas, um dia pregando uma mensagem de exclusão racial (“Eu fui enviado apenas às ovelhas perdidas de Israel”, Mt 15.24), no outro, de benevolente universalismo (“Ide e fazei discípulos de todas as nações”, Mt 28.19); às vezes clamando por paz incondicional (“Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus”, Mt 5.9), às vezes proclamando  violência e conflitos (“Se tu não tens uma espada, vai vender teu manto e compra uma”, Lc 22.36).

terça-feira, 8 de julho de 2014

130 - John Dominic Crossan

John Dominic Crossan (nascido em Nenagh, Condado de Tipperary, Irlanda em 1934) é um teólogo conhecido por ser o co-fundador do controverso Jesus Seminar. Crossan é uma figura importante no campo da arqueologia bíblica, antropologia, Novo Testamento e Alta Crítica. É também conhecido por ter participado de documentários sobre Jesus e a Bíblia. Ele é especialmente influente no campo dos estudos sobre o Jesus histórico, embora receba muitas críticas por parte de outros estudiosos por causa de sua metodologia. Entre 1950 e 1969, foi membro da Ordem dos Servos de Maria (servitas). Largou o ofício religioso por querer se casar e devidos aos constantes conflitos que tinha com o arcebispo cardeal de Chicago.
Crossan foi ordenado sacerdote em 1957; em 1959 recebeu o Doutorado em Divindade no St Patrick's College (Maynooth) (Irlanda); entre 1959 e 1961 estudou no Pontifício Instituto Bíblico em Roma; entre 1965 e 1967 estudou na Escola Bíblica de Jerusalém.
Entre 1969 e 1995 integrou o corpo docente da DePaul University, em Chicago; entre 1985 e 1996 foi co-presidente do Jesus Seminar; entre 1972 e 1976 presidiu o Seminário Parábolas; entre 1980 e 1986 foi editor da “Semeia” uma publicação de crítica bíblica; entre 1993 e 1998 foi presidente da Seção Jesus Histórico da Sociedade de Literatura Bíblica, uma associação internacional para o estudo acadêmico da Bíblia com sede nos Estados Unidos; recebeu prêmios de excelência acadêmica da Academia Americana de Religião, em 1989; da DePaul University, em 1991 e em 1995; e um doutorado honorário da Stetson University (DeLand, Flórida), em 2003.
Crossan escreveu 27 livros que abordam principalmente o Jesus Histórico, o Apóstolo Paulo e o Cristianismo Primitivo. O núcleo acadêmico de sua obra é a trilogia de:
- “O Jesus Histórico: A Vida de um Camponês Judeu no Mediterrâneo” (1991);
- “O Nascimento do Cristianismo” (1998);
- “Em Busca de Paulo” (2004), em co-autoria com o arqueólogo Jonathan L. Reed.
Também merecem destaque os livros que escreveu em conjunto com Marcus Borg:
- “A Última Semana, um Relato Detalhado dos Dias Finais de Jesus” (2006);
- “O Primeiro Natal” (2007) e
No livro “A Última Semana, um Relato Detalhado dos Dias Finais de Jesus”, utiliza o Evangelho de Marcos como fonte para defender a tese de que Jesus foi um radical que morreu na cruz não para redimir nossos pecados, mas para servir de modelo de combate ao mal. E o mal, tanto poderia ser o antigo Império Romano quanto qualquer governo que oprima um povo por meio da política ou da exploração econômica. Trata-se de um ponto de vista polêmico, pois se opõe a tese mais aceita entre os cristãos que afirma que Jesus morreu pelos pecados do mundo.

Outros livros de Crossan publicados no Brasil.


- Em Busca de Jesus;












- Jesus: uma biografia revolucionária;











- Quem matou Jesus?











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Tradução: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. parte do artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.